Na política brasileira ainda existem gestores que adotam a máxima que “a melhor defesa é o ataque”. Um exemplo típico disso ocorreu na entrevista coletiva que o prefeito de Guarabira, Marcos Diogo, concedeu a imprensa daquela cidade, na segunda-feira pela manhã (04/05).
Depois de ser questionado pela imprensa local sobre críticas de vários segmentos sociais de que o funcionamento do comércio local poderia ser a causa do crescimento do número de casos de covid-19 na cidade, o prefeito, como qualquer ocupante de cargo público, deveria receber e responder aos questionamentos de forma tranquila e democrática, mas optou por um ataque ao professor do Curso de Direito do Campus III da UEPB, em Guarabira, Agassiz Almeida Filho, que veiculou nas redes sociais um vídeo cobrando da Prefeitura medidas mais rígidas para o enfrentamento à pandemia.
Ao invés de tentar justificar técnica e politicamente a permissão para o funcionamento do comércio da cidade, o prefeito tentou desqualificar a crítica do professor Agassiz ao divulgar o valor de seu salário na UEPB, insinuar que ele está entre as pessoas que não ajudam no combate a pandemia e que ficam fechados em seus apartamentos durante meses, sem demonstrar nenhum tipo compromisso social.
O ataque do prefeito de Guarabira não atingiu apenas ao professor Agassiz, mas a toda UEPB, seus professores e servidores técnicos-administrativos, quando tentou classificar a instituição e seus funcionários como um peso que é sustentado pelos impostos que são arrecadados pelo comércio e pela população de Guarabira.
Como gestor de uma das oito cidades paraibanas que sediam campus da UEPB, o prefeito deveria inteirar-se melhor sobre os benefícios e o desenvolvimento que o Campus de Guarabira leva para seu município e para a região. Logo constataria a existência de produção de conhecimento científico, a realização de serviços, de ensino público e formação de profissionais de qualidade, de geração de impostos para a prefeitura e de consumo no comércio e na indústria locais.
Durante a pandemia a comunidade da UEPB não paralisou. Direcionou muitas de suas atividades para o enfrentamento à Covid-19. Em Campina Grande, as clínicas de Psicologia e de Enfermagem adotaram um atendimento especial para a população e, em vários campi da instituição, a comunidade universitária tem se organizado para ajudar as populações mais carentes, como por exemplo, o movimento estudantil que, em parceria com o Movimento de Trabalhadores em Sem Terra – MST, que tem entregado alimentos a famílias carentes em várias cidades paraibanas.
Professores, técnicos e estudantes voluntariamente estão produzindo e entregando na rede pública hospitalar milhares de litros de álcool em gel e detergente e o Núcleo de tecnologias Estratégicas em saúde – Nutes tem produzido e distribuído equipamentos de proteção individual a milhares de trabalhadores de saúde paraibanos, além de já ter desenvolvido o projeto de um respirador de baixíssimo custo.
A diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Estadual da Paraíba – ADUEPB repudia publicamente a postura do prefeito Marcos Diogo diante das críticas a sua gestão e se solidariza com o professor Agassiz Almeida Filho, ao mesmo tempo que avalia a possibilidade de promover medidas judiciais cabíveis em favor da defesa do conjunto de professores da universidade.
Campina Grande (PB), 06/05/2020
Diretoria da ADUEPB
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