Estudantes ocupam o Campus Liberdade
Na noite da última terça-feira, 16, estudantes da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) ocuparam o campus da Liberdade, na cidade de Redenção, no Ceará. A ocupação teve início após a suspensão do vestibular para pessoas transgêneros e intersexuais. O processo seletivo foi cancelado pelo atual presidente, Jair Bolsonaro, que de forma autoritária cancelou o processo seletivo. As inscrições para o vestibular haviam sido abertas no dia 15 de julho, um dia antes de o certame ser cancelado. Na ocasião, a universidade ofertou 120 vagas em 15 cursos de três campi, dois no Ceará e um na Bahia.
A professora Luma Oliveira de Andrade, a primeira docente travesti a dar aulas em uma universidade do Brasil, é professa da Unilab e se pronunciou sobre o cerceamento que a população LGBTT está sofrendo por parte do governo federal. “A existência do edital 29/2019 da Unilab foi uma luta interna muito forte. As vagas destinadas no edital são aquelas que não foram ocupadas em outros processos seletivos e isso é o mínimo. A Unilab foi uma universidade pensada a partir das diferenças e o cancelamento do vestibular é um ataque direto do governo federal à população LGBTT, é um ataque do estado. Não podemos aceitar isso, por se tratar de um direito fundamental à educação, o acesso de pessoas historicamente vulneráveis, através de uma política afirmativa. Cabe a nós reagirmos”.
O Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) declarou apoio à ocupação do Campus, segundo a 1ª tesoureira, Raquel Dias. A docente explica que o cancelamento do certame é mais uma demonstração do governo em intervir na autonomia universitária, excluindo a população que mais esteve à margem da educação pública no País.
Para Raquel Dias, a ocupação do campus é um ato de luta pela democracia e diversidade no Brasil. “A ocupação do Campus Liberdade não é apenas um ato de resistência, mas sim um ato em defesa da autonomia, das liberdades democráticas e da diversidade, pautas que estão sendo fortemente atacadas por este governo. Nós vivemos hoje uma situação de profundo ataque à educação pública e ao seu papel social – bem como se revelou na apresentação do Future-se. Esses ataques, em geral, colocam em risco a permanência de milhões de estudantes oriundos das camadas populares. Nós, do ANDES Sindicato Nacional, nos solidarizamos com a luta da comunidade acadêmica, especialmente com os estudantes que estão ocupando o Campus, para garantir a autonomia e a diversidade universitária”, declara a docente.
Assembleia Geral
Em nota, divulgada pelo diretório acadêmico da Unilab, estudantes, professores e técnicos administrativos da entidade foram convocados para se mobilizar em assembleia geral, nesta quinta-feira, 18, no Campus Liberdade.
A nota se posiciona contra o cancelamento do certame, e declara que “a decisão feriu a autonomia universitária, por estabelecer seus próprios mecanismos de acesso à universidade. Se caracterizando mais um ataque transfóbico do presidente, visando perpetuar a exclusão deliberada de uma população extremamente marginalizada do acesso à educação”.
Fonte: ANDES- SN – Atualizado em 18 de Julho de 2019 às 17h20
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