ADUEPB CONTRA O FASCISMO E EM DEFESA DA DEMOCRACIA

As eleições 2018 marcam um momento decisivo para o futuro do nosso país. Desde o fim da ditadura e da redemocratização o Brasil não vivia uma conjuntura tão clara de riscos à democracia e de retrocessos nos direitos individuais, sociais e políticos. A ascensão política da extrema direita brasileira tem se alicerçado na disseminação do preconceito e do ódio contra negros, mulheres, LGBT’s, indígenas e nordestinos. Durante o processo eleitoral a política do ódio, construída pela extrema-direita e por seu candidato, descambou para violência direcionada aos grupos sociais supracitados. Estes atos violentos já provocaram a morte de menos três pessoas, além de dezenas de feridos em todo país. O traço comum em todos estes crimes é que estão sendo cometidos por seguidores do candidato da extrema-direita, muitas das vezes, com a aclamação do seu nome como palavra de ordem da barbárie.
As eleições presidenciais estão sendo marcadas pela escalada da violência como arma para construção política. Segundo o jornal espanhol El País, já são mais de 50 casos de violência contra quem declara oposição às ideias do candidato da extrema-direita. Em resposta a gravidade dessa situação, a OAB e a Defensoria Pública de vários estados criaram uma plataforma de combate à intolerância política. As violências física e simbólica têm se espalhado pelo país, nas fábricas e nas universidades, no campo e nas cidades. Hoje militantes de extrema-direita já se sentem à vontade para pichar muros de igrejas e paredes de instituições de ensino com símbolos da suástica, imagem ligada diretamente ao nazismo.
Esse clima de violência e intimidação já atingiu as universidades, colocando em risco o ambiente de debates democráticos das ideias que sempre permeou o ambiente universitário. Em várias universidades brasileiras já ocorreram casos de alunos simpatizantes da extrema-direita questionarem o conteúdo dos componentes curriculares, e intimidarem professores, sob a argumentação que os mesmos se trata de “doutrinação”; seções sindicais são atacadas por debaterem os riscos para a democracia no atual cenário político e, no Paraná, o poder judiciário tentou impedir um debate sobre fascismo organizado pelo DCE da UFPR.
Neste segundo turno das eleições presidenciais uma das candidaturas postas defende claramente um modelo de sociedade onde não existe espaço para a liberdade de expressão da subjetividade humana. As propostas apresentadas por essa candidatura caminham no sentido de “acabar com todo tipo de ativismo”. Um país sem liberdade para o ativismo social reprime a luta das mulheres contra o machismo, dos LGBT’s contra a homofobia, dos negros contra o racismo, dos indígenas pela demarcação das terras, dos professores pela defesa da educação etc., ou seja, criminaliza o direito democrático de organização e reivindicação. Os defensores deste modelo de sociedade sustentam suas ideias sob o argumento da defesa da família e dos bons costumes, dos valores cristãos e da defesa da propriedade privada acima de todo e qualquer outro direito. Neste modelo de sociedade a polícia será incentivada a matar os acusados por cometerem qualquer tipo de crimes, mesmo antes de um julgamento justo.
No plano econômico, as propostas apresentadas são da realização de privatizações para todos os setores. Nesta mesma perspectiva, encontra-se o campo da educação. As propostas apresentadas indicam um processo futuro de privatização da educação básica, tendo como foco inicial o ensino a distância a partir da educação fundamental e a adoção de “mordaças” para impedir os professores de discutirem temas que estejam em desacordo com a concepção militar/religiosa de sociedade. Na educação superior as discussões indicam uma total reformulação que passará pela revisão de conceitos consolidados no campo da História, Biologia, Medicina e Psicologia. Em uma universidade marcada pela privatização as pesquisas científicas terão como prioridade exclusiva o campo das engenharias e tecnologias, em sintonia com os objetivos do mercado e não com as necessidades da nossa população.
Em um possível governo da extrema-direita brasileira o cenário que se desenha é a barbárie. No campo da segurança pública teremos a adoção da liberação da posse de armas e a adoção da política do “bandido bom é bandido morto”; veremos o aumento na quantidade dos crimes de feminicídio, de homofobia, de racismo e de assassinatos de sem-terras e sem-tetos. Sob o comando de um governo com características fascistas a luta será criminalizada e os sindicalistas, lideranças estudantis, lutadores sociais e políticos da oposição serão impedidos de se manifestarem sob ameaça de prisão.
Para fazer frente a barbárie é preciso construirmos a máxima unidade política, constituindo frentes antifascistas e pautando uma agenda de defesa ampla das liberdades e dos direitos. Por isso tudo, neste segundo turno das eleições gerais do Brasil, não podemos titubear sobre nossa posição histórica contra o fascismo e as opressões. É necessário que possamos nos posicionar contra o projeto de governo que ataca a educação pública, a saúde pública, os direitos do(a)s trabalhadore(a)s e as liberdades democráticas.
Isto posto, a ADUEPB-SSind ANDES-SN, reafirma seu compromisso com a democracia e repudia veementemente o projeto fascista e de extrema direita, o projeto ultraliberal e as ações de ódio que estão sendo difundidas pelo Brasil. A ADUEPB se somará ao conjunto das entidades que integram às frentes antifascistas suprapartidárias, criadas nos estados e nas instituições públicas de ensino superior, ao passo que participará ativamente dos atos e mobilizações em defesa da democracia e contra o fascismo, bem como, das mobilizações em defesa da oferta da educação pública e gratuita para todos os brasileiros.
Campina Grande, 22 de Outubro de 2018

Diretoria da ADUEPB

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