Ato público cobra da Reitoria solução para encerramento de contratos dos docentes substitutos

“É de bom tamanho nem largo nem fundo. É a parte que te cabe deste latifúndio”. Cantando versos como este, do poeta João Cabral de Melo Neto na música Funeral de um lavrador, de Chico Buarque, centenas de professores da UEPB protestaram ontem pela manhã , em frente a Reitoria da universidade contra a demissão de 433 docentes substitutos e, ao mesmo tempo, cobrando sua imediata recontratação pela administração da instituição.
O protesto teve a estrutura de um funeral para simbolizar o encerramento dos contratos dos professores substitutos, sem que eles tenham sequer concluído o semestre, e a sua colocação numa situação de total indefinição por parte da Reitoria da UEPB. Todos os manifestantes foram vestidos de preto e segurando cruzes com várias das reivindicações que estão na pauta da greve da categoria.
O cortejo começou fora do complexo da Reitoria, circulou o prédio do Gabinete do reitor e chegou até o Hall da Reitoria, onde foi lida uma lista com nomes de professore substitutos. Neste momento, todos os manifestantes responderam “presente!”, num gesto conhecido de homenagem do movimento sindical para os militantes que falecem. O cortejo só terminou quando os manifestantes levaram um caixão, simbolizando o fim de seu vínculo com a instituição, à recepção da sala do reitor Rangel Júnior e fixaram as cruzes no jardim da Reitoria.

 


Durante o cortejo, os professores também cantaram a música Funeral de um lavrador, de Chico Buarque e alertaram a Reitoria que se a demissão dos 433 professores substitutos não for rapidamente resolvida a categoria está disposta a realizar ocupações na UEPB, seguindo a deliberação da última assembleia da categoria, avalizando radicalização do movimento.
Em seguida, a coordenação do ato abriu espaço para entidades, estudantes, técnicos e professores se manifestarem em relação a questão dos docentes substitutos. Um dos primeiros a manifestar solidariedade à greve foi o dirigente da CSP-Conlutas, David Lobão. Ele ressaltou que a UEPB é uma instituição de referência para a formação dos trabalhadores na região e que os cortes orçamentários e o arrocho impostos à instituição devem ser também avaliados como ataques a classe trabalhadora.
A estudante Larrisa Dantas, falou representando o DCE-UEPB e disse que a entidade está solidária aos professores em greve e também com os docentes substitutos, recentemente demitidos pela Reitoria.
O Conselho Regional de Serviço Social – Paraíba (13º Região) também participou do ato, prestando solidariedade aos professores substitutos e a greve da categoria. A representante da entidade, Glaucinete Cavalcante, leu uma nota de apoio ao movimento onde os assistentes sociais apelam “para que a gestão da UEPB, por meio da Reitoria, bem como do Governo Estadual da Paraíba, assuma suas responsabilidades políticas e administrativas, no sentido de atenderem imediatamente a pauta de reivindicações da categoria docente”.
A professora e integrante do Comando de Greve, Lourdes Sarmento, criticou o reitor Rangel Júnior, afirmando que ele não tem demonstrado interesse em resolver os problemas gerados pela demissão dos docentes substitutos e “em relação à pauta da greve até agora não apresentou respostas concretas, mas apenas documentos com informações superficiais”.
O presidente da ADUEPB, Nelson Júnior, ressaltou que a Reitoria não tem agido com a empenho necessário para a solução da questão dos professores substitutos e que isto ficou demonstrado na visita que o Comando de Greve fez ao Tribunal de Contas do Estado, quando seu presidente, André Carlo Torres, se comprometeu a estudar saídas legais para solucionar o problema.
Nelson também apontou que a falta de vontade para o diálogo do Governo do Estado se deve a falta de argumentos para o debate sobre a necessidade de reposição salarial para os professores, descongelamento das progressões e cumprimento do orçamento da UEPB aprovado pela Assembleia Legislativa.

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