Greve de docentes da Universidade Estadual do Ceará completa quatro meses

Na Universidade Estadual do Vale do Acaraú, categoria também está paralisada há mais de 3 meses

A greve dos docentes da Universidade Estadual do Ceará (Uece) completou quatro meses no último sábado, dia 3 de setembro. A intransigência e o descaso do governo do Ceará frente à pauta de reivindicações dos docentes fez da greve deste ano uma das mais longas já protagonizada pelos docentes da Uece. A greve dos docentes da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA) também caminha para quatro meses de paralisação.

Segundo Célio Coutinho, presidente Sindicato dos Docentes da Uece (Sinduece – Seção Sindical do ANDES-SN), a falta de negociação por parte do governador Camilo Santana é um dos principais motivos para a categoria continuar em greve. “Após 18 meses de espera, o governador Camilo Santana quebrou o acordo firmado em 2015 e passou a atacar os nossos direitos, o financiamento da universidade e realizou cortes nas verbas de custeio das universidades estaduais próximo a 20%. A Uece acumulou R$ 3,2 milhões de dívidas no ano de 2015 e já há uma previsão de R$ 9 milhões até o final de 2016, prejudicando pesquisas e infraestrutura”, disse.

Entre as principais reivindicações da categoria docente, está o reajuste salarial de 12,67%, a nomeação imediata de 84 professores aprovados no último concurso, a autorização da obra da Faculdade de Itapipoca, há 13 meses licitada, a construção do prédio da Faculdade de Crateús (Faec) e a equiparação salarial de substitutos. Reivindicações essas, que ainda constavam nas pautas das duas últimas greves realizadas em 2014 e 2015, pelas universidades estaduais do Ceará, e que só foram suspensas em decorrência das promessas feitas por diferentes governos estaduais à categoria.

Reuniões
O presidente do Sinduece SSind. disse que não ocorreram avanços nas últimas reuniões de negociação com o governo estadual. Na reunião realizada no dia 11 de agosto, os professores não aceitaram a proposta apresentada pelo governo do estado, que incluía a redução de R$ 9 milhões no orçamento anual da Uece. Em outra reunião, o governador chantageou a categoria docente para acabar com a greve. Santana só iria atender as promoções, progressões, estágio probatório e conceder a Dedicação Exclusiva aos docentes, caso os docentes deliberassem pela saída da greve.“Camilo Santana além de nos chantagear, está ferindo a legislação. Diante dessa postura, os docentes seguirão em greve, pois a situação da formação do ensino superior no estado do Ceará hoje está comprometida e, de fato, existe uma política do obscurantismo, que não condiz com a proposta de um governante que disse que traria desenvolvimento ao estado e valorizaria as universidades públicas cearenses”, afirmou Coutinho.

O docente ainda pontuou que o único avanço conquistado nas últimas reuniões foi à criação de um grupo de estudo que irá tratar da questão do reajuste salarial e equiparação da remuneração dos professores substitutos, com a participação da Secretaria do Planejamento e Gestão do Estado (Seplag), Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz) e representantes das reitorias e dos sindicatos.

Para Célio Coutinho, a greve continuará com bastante mobilização, até o governo dar uma reposta que contemple a categoria docente. “Vamos continuar com os protestos, pois não é hora de retroceder. O comando de greve irá mobilizar os docentes em greve em atividades tanto na capital como no interior do estado, em panfletagens, marchas, “apitaços” e denúncias nos meios de comunicação para pressionar o governo neste período eleitoral”, ressaltou.
Fonte: ANDES-SN – 05/09/2016

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