Tem início, em Fortaleza (CE), o 63º Conad

Começou na manhã desta quinta-feira (28), o 63º Conad no auditório da Universidade Estadual do Ceará (Uece), em Fortaleza. Com a apresentação cultural do grupo “Tambores de Safo”, composto por percussionistas lésbicas e bissexuais do Ceará, que usam a música como instrumento artístico e social para a construção e contribuição do pensamento crítico feminista e contra o machismo, a abertura do evento foi marcada pela batucada cearense e letras musicais e poemas sobre as lutas das mulheres.
Após a aplaudida apresentação cultural, a abertura foi marcada por discursos que apontaram a necessidade de reorganização da classe trabalhadora, para intensificar a luta contra a retirada de direitos e ainda pela revogação das leis que atacaram os trabalhadores nos últimos dois anos.
A composição da mesa da plenária de abertura contou com a participação da presidente Eblin Farage, do secretário-geral Alexandre Galvão e do tesoureiro Amauri Fragoso, que encerraram nesta manhã sua gestão à frente do Sindicato Nacional, nos últimos dois anos. Participaram também da mesa a presidente da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual do Ceará (Sinduece SSind), Sâmbara Paula, o reitor da Universidade Estadual do Ceará – Uece, José Jackson Coelho Sampaio, do presidente do Instituto Mosap, Edison Halbert, a professora Celeste Pereira, representando a Frente Nacional contra a Privatização da Saúde e em Defesa do SUS, do dirigente local da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Fábio Rodrigues, representante da executiva nacional da CSP-Conlutas, Rejane Oliveira, 1º vice-presidente da Regional Nordeste I Raquel Dias, do presidente do ANDES-SN, empossado na ocasião, Antonio Gonçalves .
Para Rejane Oliveira, representante da Executiva Nacional da CSP-Conlutas eventos como o Conad são fundamentais na construção das lutas da classe trabalhadora. “Eu acho que o ANDES-SN e o Sinduece SSind. cumprem uma tarefa muito importante realizando esse encontro. Para a CSP-Conlutas, o ANDES-SN é uma entidade muito importante, pelo seu papel no debate e defesa da educação pública no Brasil, e também pela sua posição política de autonomia e independência, na defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e por fazer avançar um projeto de sociedade e construir a luta de unidade da classe trabalhadora” disse Rejane.
A presidente da Siduece SSind., Sâmbara Paula, contou aos participantes que fazer esse evento foi um grande desafio para a seção sindical. “Promover a realização do Conad é um grande desafio, mas abraçamos esse desafio com muita alegria, pela importância que constitui o Conad para a construção do movimento docente, do Sindicato Nacional e da nossa seção sindical, que se afirma na perspectiva da autonomia, pautada nos interesses fundamentais da classe trabalhadora. Mas esse desafio não teria sido enfrentado e superado pela Sinduece SSind. se não fosse somado, aos nossos esforços, o apoio da Regional e do Sindicato Nacional, que compartilharam todas as dificuldades. Convocamos todos vocês a participar e abraçar esse evento como espaço de debate com o objetivo de ampliar a nossa unidade, rejuvenescer a nossa luta e no enfretamento do espírito guerreiro de Iracema, nesses dias sombrios e na esperança de dias melhores.”, disse.
A presidente do ANDES-SN, Eblin Farage, encerrou sua gestão agradecendo a confiança da categoria, e afirmando que conseguiu atingir o objetivo proposto há dois anos, que era o compromisso de defender a educação pública. “Os últimos dois anos foram um período que exigiu muito de nós, pois a conjuntura demandou intensa mobilização. E o Sindicato Nacional respondeu a todo esse processo de mobilização que o país e o momento exigiam. Ouso dizer que não houve uma ação de rua sequer, com uma data nacional de mobilização, que o ANDES-SN não tenha sido protagonista e, ou, ajudado a construir ombro a ombro com as demais categorias de trabalhadores”, comentou.
Eblin destacou ainda a ampliação da mobilização nas bases, com inúmeras ações. “A orientação era definida pelas nossas instâncias, unidade de ação nas ruas, e nos empenhamos muito para fazer isso. O ANDES-SN pode se orgulhar de ter construído os grandes processos de mobilização que marcaram o segundo semestre de 2016 e o primeiro semestre de 2017. Mas, também tivemos perdas importantes, a classe foi duramente atacada e perdemos direitos. Temos muitos outras lutas pela frente, e talvez a principal seja revogar essas medidas que retiraram direitos dos trabalhadores”, falou a docente, que encerra sua gestão como presidente, mas continua como secretária-geral do Sindicato Nacional, na gestão 2018-2020.
O presidente empossado, Antonio Gonçalves, discursou fazendo um chamamento para a construção da unidade, superando as diferenças políticas. “Quero reafirmar o nosso compromisso em continuar construindo um Sindicato autônomo, de luta, classista, que se organiza pela base, com diálogo e democracia interna. Serão esses os princípios norteadores das nossas ações. Assumimos essa tarefa em um momento de mais uma crise internacional do Capital e de ofensiva dos setores reacionários, que têm intensificado os ataques à classe trabalhadora, com retirada de direitos, recrudescimento do conservadorismo, combate à autodeterminação dos povos, opressões, perseguições e mortes”, disse.
“No Brasil, as políticas implementadas pelo atual governo, como parte da estratégia do Capital de romper as altas taxas de competitividade, são perversas e inaceitáveis. A Emenda Constitucional 95, que impôs um teto no orçamento público, tem retirado recursos da educação, saúde, transporte, segurança e de diversas políticas sociais, duramente conquistadas pela classe trabalhadora do nosso país. A ciência e a tecnologia públicas têm sido duramente atacadas, reduzindo a produção do conhecimento, para os restritos interesses do Capital. Enquanto os recursos para a educação superior são cortados, o fundo público está desviado para a iniciativa privada, através de programas como o Fies e o Prouni. A reforma trabalhista e a lei da terceirização, como prevíamos, ampliaram o trabalho formal e o desemprego, piorando sobremaneira as condições de vida do nosso povo. O avanço de políticas como a “escola sem partido” e a aprovação da base nacional curricular comum visam a construção do pensamento único no processo de formação, retirando a necessária criticidade emancipatória”, continuou o presidente do ANDES-SN.
Para Antonio, a reorganização da classe é uma prioridade, e deve ser realizada por meio da construção do mais amplo espaço de unidade de ação. “Precisamos derrotar as contrarreformas do governo Temer. Para isso, é necessário fortalecer a CSP-Conlutas, nos esforçarmos para fazer dessa central um espaço cada vez mais democrático, que reúna amplos setores. No que se refere à categoria docente, tenho como tarefa a ampliação da nossa base nas universidades, institutos e colégios de aplicação, o fortalecimento das assembleias de base, para lutarmos por uma carreira estruturada, melhores condições de trabalho e de remuneração salarial tanto no setor das federais, quanto nos das estaduais e municipais. Precisamos aumentar na base da nossa categoria a percepção do modo como as políticas mais gerais, que por vezes somos acusados injustamente de debatê-las demasiadamente em detrimento das pautas ditas corporativas, têm impacto direto em nossas vidas, desse modo contribuiremos para a construção da consciência de classe, indispensável para avançarmos na luta,” finalizou o presidente do ANDES-SN, declarando aberto o 63º Conad.
A plenária foi encerrada ao som da Internacional Comunista, tocada ao piano e saxofone, por dois estudantes do curso de Música da Uece.
Onda Verde no 63º Conad
Durante a plenária, Raquel Dias, docente da UECE e 1ª tesoureira do ANDES-SN, comemorou a aprovação da legalização do aborto na Câmara dos Deputados da Argentina, e falou da necessidade de se avançar neste sentido no Brasil. Distribuindo lenços verdes aos participantes do 63º Conad, símbolo da luta das mulheres naquele país, ela explicou: “Há muita luta, evidentemente, mas há também muitos ataques, então uma vitória como essa, das mulheres na Argentina, deve ser comemorada por todas as mulheres do mundo inteiro, do Brasil, pelas mulheres presentes aqui no Conad e por todos os homens companheiros que lutam, ombro a ombro, pelos direitos reprodutivos das mulheres”.
Outro destaque à luta das lutas das mulheres foi dado pela ex-presidente Eblin Farage, atual secretária-geral, que, em seu discurso de encerramento da gestão destacou uma das ações do Sindicato Nacional, que considerou como uma das mais marcantes do período: a campanha contra o assédio sexual. Eblin reafirmou que é chegada a hora de dar um basta ao assédio e que essa continuará sendo uma das principais bandeiras de atuação do Sindicato Nacional.
Marielle, presente! Maré, Presente!
Uma homenagem à Marielle Franco, vereadora do Psol do Rio de Janeiro assassinada em março deste ano, também marcou a plenária de Abertura, com a exibição de dois vídeos sobre a vereadora e ainda a fala de Shyrlei Rosendo, moradora da Favela da Maré, onde nasceu e cresceu Marielle.
Shyrlei foi convidada ao Conad para falar da atuação da vereadora e também da atual situação de violência e extermínio da população pobre e negra da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, atualmente sob intervenção federal militar.

Fonte: ANDES-SN – 28/06/2018

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