A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), pilar para o desenvolvimento de nosso estado, está paralisada desde 22 de setembro. Esta carta é um apelo urgente à sociedade paraibana: a greve é dolorosa, mas necessária, frente à grave crise que compromete ensino, pesquisa e extensão, essenciais para o futuro de milhares de jovens e para o avanço da Paraíba.
Amparada pela Lei Estadual nº 7.643/2004, a UEPB experimentou um crescimento notável: de 4 para 8 campi, 28 para 59 cursos de graduação e 34 programas de mestrado/doutorado entre 2004 e 2025. Tornou-se uma das maiores e mais importantes universidades públicas do Nordeste, impulsionando o ensino superior e o desenvolvimento regional.
Contudo, essa expansão não foi acompanhada pelo respeito à Lei de Autonomia nem pela devida recomposição orçamentária. Pelo contrário, desde o final do governo José Maranhão e, intensificado nas gestões de Ricardo Coutinho e João Azevedo, a UEPB sofre cortes sistemáticos e arrocho orçamentário que ameaçam sua existência. Isso se traduz em campi sem manutenção, laboratórios desatualizados, assistência estudantil quase inexistente – comprometendo a permanência de muitos estudantes – e carência de materiais básicos, impactando a qualidade do ensino e a vida acadêmica.
Para piorar, foi editada a Lei Ordinária nº 10.660, em 2016, suspendendo reajustes e progressões. Desta medida, temporária e para todos, a consequência e seus efeitos persistem até hoje exclusivamente para docentes da UEPB, configurando um verdadeiro confisco de direitos. A reitoria se omite, e o Governo do Estado se desresponsabiliza, alegando que a dívida de retroativos é da UEPB, não do Estado. Nesse jogo de empurra-empurra, docentes têm direitos trabalhistas sequestrados e acumulam perdas salariais de 22,97% (2019-2024), conforme DIEESE.
Esgotadas todas as tentativas de diálogo e negociação com o Governo e a reitoria, a greve, deflagrada em 18 de setembro de 2025, tornou-se a única ferramenta legítima de luta por nossos direitos e valorização. Um mês após, permanecemos sem alternativas viáveis apresentadas.
A categoria docente permanece em greve por reivindicações inadiáveis: 1) recomposição das perdas inflacionárias (2019 a 2024); 2) recomposição orçamentária (respeito à Lei de Autonomia); 3) nomeação das(os) professoras(es) concursadas(os); 4) realização de novo concurso público; 5) pagamento do retroativo das progressões funcionais (janeiro de 2018 a maio de 2023).
O respeito à Lei de Autonomia da UEPB e a recomposição orçamentária são a chave para solucionar a crise e permitir avanços cruciais: contratação de docentes (concurso 001/2022), novos concursos, reestruturação da carreira, infraestrutura adequada e garantia de 3% do orçamento para assistência estudantil digna (restaurantes, residências, permanência de cotistas).
O “jogo de empurra-empurra” e as narrativas contraditórias entre Governo e reitoria, que se desresponsabilizam pela crise, apenas prolongam a greve, prejudicando a comunidade e a sociedade. Acreditamos que o diálogo sério e o atendimento às demandas permitirão a rápida retomada das atividades. A UEPB, patrimônio do povo paraibano, não pode ser sucateada.
Contamos com a compreensão e apoio da sociedade paraibana para que a UEPB continue contribuindo para o desenvolvimento de nosso Estado.
COMANDO DE GREVE DA UEPB
É GREVE PORQUE É GRAVE!
RESPEITO À LEI DE AUTONOMIA!
ORÇAMENTO JUSTO JÁ!
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