Publicado em 08 de Março de 2019 às 16h47
A luta contra o feminicídio e pelo fim da violência contra a mulher é uma das principais pautas deste 8 de março. Apenas em janeiro desse ano, 119 mulheres morreram e 60 sofreram tentativas de feminicídio no Brasil. Os dados foram apurados com base nos casos divulgados na imprensa. Considerando os casos noticiados em fevereiro, o número de feminicídios ultrapassa 200 vítimas.
O levantamento foi divulgado pela Folha de São Paulo, com base na pesquisa do docente Jefferson Nascimento, da Universidade de São Paulo (USP). O docente desenvolveu um banco de dados que compila informações sobre feminicídios divulgados por veículos de notícia.
Segundo o apurado, 71% dos crimes foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros das mulheres assassinadas. Armas brancas foram usadas em 41% dos crimes, enquanto armas de fogo representam 23% dos casos. Do total de casos, 47% aconteceram dentro da casa da vítima.
Este dado é alarmante, considerando que o governo federal quer facilitar o porte de armas de fogo. Para Raquel Dias, 1ª tesoureira do ANDES-SN, isso representará mais uma ameaça à vida das mulheres.
“A violência contra as mulheres é um tema que aparece com bastante força e que marca todos os atos do 8 de março no Brasil e tem se tornado um tema cotidiano da pauta dos movimentos feministas e dos movimentos de mulheres no país, principalmente em 2019. Os dados divulgados no dia de hoje revelam o aumento do número dos casos de feminicídios, que têm ocorrido de forma cada vez mais brutal”, ressalta Raquel.
Para ela, os crimes contra a vida das mulheres tendem a se agravar se combinados com outras medidas em curso, como a questão do armamento. “A liberação do porte de arma coloca as mulheres numa situação de risco muito maior porque a maioria dos casos de feminicídios ocorre exatamente dentro da própria casa e são cometidos por pessoas conhecidas e suspostamente de confiança da vítima”, afirma.
Ela ressalta ainda a conjuntura que elegeu o presidente Jair Bolsonaro, num processo eleitoral pautado por discursos de ódio. “Esse 8 de março é um ano ‘sui generes’ porque se realiza em um contexto de aprofundamento dos ataques à classe trabalhadora, em especial às mulheres e aos setores chamados de oprimidos da sociedade, tendo em vista o discurso de ódio que possibilitou que determinado candidato chegasse à Presidência da República. Esse discurso de ódio continua rondando a sociedade, paira sobre nós. Encontra apoio no discurso oficial, não é algo velado. É um discurso explícito e incentivado. Esse é um elemento novo do momento em que vivemos”, explica.
O portal G1 também divulgou, nessa sexta-feira (8), um levantamento referente aos casos de violência contra as mulheres em 2018. Segundo a pesquisa, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal, os casos de feminicídio cresceram em um ano. Foram 1.173 no ano passado, frente a 1.047 em 2017.
O levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
“A luta contra a violência de gênero é um tema que vai ganhar cada vez mais relevância e que se tornará uma pauta urgente para todos os movimentos. Abordar essa temática, discutir e encontrar instrumentos de luta e conscientização da sociedade se tornará, de fato, uma forma de garantia da vida das mulheres”, conclui.
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